Acidez Urbana por François Ramos & Leilane Vieto

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As eleições municipais se aproximam e, a cada dia, aumenta a expectativa quanto aos candidatos que disputarão as eleições proporcionais (vereadores) e majoritária (prefeito). Será que as mulheres conseguirão repetir o feito de 2020? Naquele pleito Elisa Araújo se tornou a primeira delas a ocupar a chefia do Executivo local e a bancada da Câmara Municipal ou a contar com quatro representantes do sexo feminino, a maior de nossa história. No momento emergem fatos e boatos sobre as composições partidárias e as alianças que, aos poucos vão se efetivando. Um contexto no qual o Partido da Mulher Brasileira (PMB) tem sido assediado e se apresenta com uma das siglas que prometem bons resultados nas urnas. A presidente da legenda em Uberaba, Anna Maia Jampaulo de Andrade, é a entrevistada da coluna “Acidez Urbana!” desta terça-feira. Ela é advogada com especialização políticas públicas e gestão governamental, atua como coordenadora de políticas públicas para mulheres em Uberaba e ocupa o cargo de vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher na cidade. Com o leitor, as perspectivas da presidente do PMB – Partido da Mulher Brasileira, para 2024.

  Foto: Divulgação/PMB

François Ramos (FR) – Fale um pouco de você. Quem é Anna Maia Jampaulo de Andrade?
Anna Maia (AM) –
Nasci em Presidente Epitácio, interior de São Paulo, mas moro em Uberaba desde os 8 anos. Tive uma infância feliz com meus irmãos e pais amorosos. Sou esposa de Dalton, mãe do Victor, da Anna Carolina e de coração da Gabriela, que me deu a maior alegria, minha netinha Luísa. Minha família é meu alicerce. Formei-me em Direito em 2001 e sempre atuei na área do Direito Empresarial. Sou pós-graduada em políticas públicas e gestão governamental, e, desde 2020, estou à frente da Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para Mulheres, sou vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher em Uberaba e presido o PMB na cidade, incentivando a participação feminina na política.

FR – Em nosso país, as mulheres conquistaram o direito de votar em 24 de fevereiro de 1932, por meio do Decreto 21.076, do então presidente Getúlio Vargas. Em 3 de maio de 1933, na eleição para a Assembleia Nacional Constituinte, elas, pela primeira vez, em âmbito nacional, puderam votar e serem votadas. ado quase um século deste marco fundamental, como você avalia a participação feminina na política brasileira.
AM –
Ao longo dos anos houve progresso, mas ainda é necessário mais para garantir uma representação equitativa. A falta de mulheres em cargos de liderança reflete desigualdades de gênero na sociedade. É crucial promover a participação feminina na política para enriquecer os debates e construir sociedades mais justas e inclusivas.

FR – Atualmente, por força do artigo 10, parágrafo 3º, da Lei 9504/97, as chapas organizadas para concorrer ao legislativo devem contar com pelo menos 30% das vagas preenchidas pelo gênero oposto à maioria. Você avalia que a medida foi suficiente para impulsionar a participação das mulheres e reduzir a desigualdade no que se refere à representatividade?
AM –
A medida foi um avanço, mas é preciso mais esforços para garantir uma representação equilibrada e diversificada na política. Iniciativas que incentivem a participação das mulheres, além de combater preconceitos e estereótipos, são essenciais para promover a igualdade de gênero na política.

FR – Você está à frente, em Uberaba, do Partido da Mulher Brasileira (PMB). Como presidente da sigla na cidade, gostaríamos de saber o que acha ser possível os partidos políticos podem fazer para estimular uma maior participação feminina na disputa por cargos eletivos.
AM –
Como presidente do Partido da Mulher Brasileira (PMB) em Uberaba, acredito que os partidos políticos têm um papel crucial na promoção da participação feminina na política e na busca por uma maior representatividade de mulheres em cargos eletivos. Precisamos motivar mulheres na busca por uma sociedade que reflita nossos interesses, que tenha lutas que nos proporcione oportunidades. Os partidos devem capacitar mulheres em política e liderança, oferecer e às candidaturas, combater preconceitos e garantir igualdade de oportunidades. É importante promover cursos, workshops e apoio para desenvolver habilidades políticas e de liderança.

   Foto: Divulgação/PMB

FR – Significativa parcela dos partidos encontrará, em Uberaba, dificuldade para preencher os 30% reservado para as mulheres nas chapas que serão apresentadas às urnas para as eleições proporcionais. Aliás, este é um problema nacional: não raros denúncias de candidaturas laranjas surgem no noticiário. O PMB enfrentará o mesmo problema na composição de sua chapa de vereadores?
AM–
Em Uberaba, o PMB tem uma situação privilegiada em relação ao preenchimento das cotas para mulheres nas chapas eleitorais, uma vez que tem uma chapa majoritariamente feminina, o que evita problemas com as cotas, demonstrando compromisso com a representatividade feminina e a igualdade de gênero na política local.

FR – O PMB, foi fundado em 2008 e obteve registro definitivo pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 29 de setembro de 2015. Pode ser definido como um partido que abriga mulheres progressistas, ativistas de movimentos sociais, populares e desenvolvimentistas. E quanto aos homens que se filiam ao partido? Qual é o perfil exigido?
AM –
Homens são bem-vindos ao PMB, sem perfil específico exigido, desde que adiram aos princípios e propostas do partido. Assim como para as mulheres, é valorizada a participação em movimentos sociais, populares e desenvolvimentistas, bem como o comprometimento com pautas progressistas.

FR – Atualmente a Câmara Municipal de Vereadores tem a maior representação feminina da história de Uberaba. As mulheres ocupam 4 das 21 cadeiras disponíveis. Apesar do número responder por menos de 20% da atual legislatura, não se pode negar o avanço de um legado construído por nomes como Lélia Inês Teixeira, Teresinha Cartafina e Marilda Ribeiro, que se tornaram “bendito fruto entre os homens”. A pergunta que se faz é: como seguir avançando e aumentar essa representatividade?
AM – T
odas essas fortes e competentes mulheres são referências na política de Uberaba e realmente deixaram um legado importante. O que elas construíram é um incentivo para as mulheres avançarem na busca por direitos e oportunidades. Tanto é, que hoje, essa representação aumentou na Câmara Municipal, onde temos vereadoras que lutam pela representatividade da mulher Penso que deva existir ações para incentivar mulheres na política, oferecer capacitação e apoio para candidaturas e fortalecer a rede de apoio entre as mulheres. Essas iniciativas são essenciais para aumentar a representatividade feminina.

FR – Qual a expectativa do PMB para o pleito que se aproxima? Quantas cadeiras acredita que a sigla conquistará na Câmara de Vereadores?
AM –
Esperamos conquistar no mínimo 3 cadeiras na Câmara de Vereadores de Uberaba, devido a qualidade dos nossos candidatos, que têm um trabalho sério nas suas comunidades, bem como à diversidade e importância das nossas pautas.

Foto: Divulgação/PMB

FR – O PMB terá candidato próprio à Prefeitura de Uberaba ou já se definiu em relação à possibilidade de apoiar candidato de outra legenda?
AM –
O PMB apoiará a reeleição da Prefeita Elisa, buscando manter, sobretudo, pautas de valorização da mulher e equidade Avançamos muito nesses 3 anos, garantindo atendimento especial para vítimas de violência, geração de oportunidades e programas que fortalecem as mulheres em nossa cidade.

FR – Quais são as principais pautas do PMB para o desenvolvimento de Uberaba?
AM –
Buscamos avançar na infraestrutura urbana, geração de empregos, educação e saúde de qualidade, inclusão e combate à violência, juntamente com políticas que promovam a igualdade de gênero e valorização da mulher. Desejamos uma Uberaba mais justa e inclusiva para todos.

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